Trecho de " O triste fim de Nora"

Não tinha certeza do que aconteceu, quanto tempo faz ou se realmente aconteceu. Olho em volta,

estou num quarto de hospital, as paredes verde-água, o cheiro de iodo, as válvulas de ôxigenio

acima da minha cama, um aparelho de eletrocardiograma desligado, um número indicando que eu estou

no leito 2, um soro em meu braço, estou vestindo apenas uma camisola do hospital e e meus pulsos,

ataduras,não, não foi um pesadelo, realmente aconteceu, não há ninguém comigo,  quem sabe uma

enfermeira possa me dizer o q aconteceu, não, melhor não, ela pode pensar q estou louca, tentei me

matar e nem sei o motivo. Estou ouvindo uma voz e me parece familiar, mas não consigo

identificar... Claro, só podia ser, minha irmã, engraçado, pensar nela me causa arrepíos. Eu a

vejo abrir a porta, ela está sorrindo para a enfermeira que segue reto no corredor, ela se vira

para mim ainda sorrindo e, pelo que parece, ao me ver acordada seu sorriso desaparece. Não sei se

estou certa mas vejo ódio em seu olhar, mas porque ela me odiaria? Devo estar enganada, a não ser

que ela me odeie por eu ter tentado me matar. Ela se aproxima da cama me analisando, parece

preocupada, também quem não estaria, vendo a sua irmã caçúla em um leito de hospital após tentar

suicidar-se. Mas parecia que ela estava esperando algo e quando eu sorri eu senti que ela ficou

surpresa e aliviada, talvez ela pensou que eu estava louca ou revoltada, e o meu sorriso a vez

ver que eu estava bem.

 _ Tudo bem?- me perguntou ela.

 _ Acho que sim! Se ao menos eu conseguisse lembrar o que aconteceu!

 _ Melhor não falarmos sobre isso agora! mas você não se lembra de nada, nadinha?

 _ Não! Também nem sei se quero lembrar.

 _ É melhor que não lembre.

 _ E você como esta? Pediu licença do trabalho pra ficar comigo?

 _ Não! Na verdade hoje é sábado e eu não trabalho.

 _ E você sabe o que aconteceu?- perguntei com esperança que ela me falasse alguma coisa

construtiva, para que eu pudesse juntar os fatos e lembrar logo o que aconteceu.

 _ Não famos falar sobre isso agora. Descanse, você precisa descansar. Vou embora agora, amanhã

nos falamos.

 Ela me deu um beijo  e saiu apressadamente, alguma coisa que eu falei a fez ficar inquieta.

Assim que ela saiu, entrou uma enfermeira simpática e aparentemente bem jovem, mediu minha

pressão e minha temperatura, perguntou como eu estava, me deu uma injeção pelo soro e saiu.

 Fiquei sozinha com minhas dúvidas e minhas ataduras. Que horas são? Que dia é hoje? Por que isso

aconteceu? Minha irmã que parecia saber, fugiu de minhas especulações. A quanto tempo estou aqui?

Por que essa sensação estranha quando penso nela? O que aconteceu?

 Senti meus olhos pesados, já não consigo mais pensar e acabo adormecendo.